Com câmbio favorável, brasileiros promovem suas empresas no exterior.
Em setembro, grupos de empresários já visitaram Itália, Reino Unido e Paraguai. Segundo especialistas, também há maior aproximação com Estados Unidos e países da América do Sul.
São Paulo - O real desvalorizado tem incentivado empresários a
ampliarem suas vendas para outros países. Viagens para Europa e América
Latina e Estados Unidos ganham espaço na agenda dos brasileiros.
As
exportações tem papel importante no Brasil neste ano, aparecendo como
uma via de escape em tempos de crise. E os empresários do País não estão
parados: missões internacionais, principalmente para países europeus,
acontecem com maior frequência no segundo semestre de 2015. O objetivo é
divulgar os produtos nacionais, agora mais baratos, e, se possível,
trazer novos acordos para casa.
"É bastante claro que, com a alta
do dólar e uma recessão interna violenta, a tendência é que as empresas
daqui busquem maior espaço no mercado externo", diz Mauro Rochlin,
professor de MBA da FGV.
"De fato, há um interesse maior em
exportar e buscar compradores diferentes", concorda Fábio Faria,
vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). "Já
que os importadores tradicionais, como Argentina e Venezuela, estão em
crise, há uma maior aproximação com países europeus e com os Estados
Unidos, além de outras nações sul-americanas, como México e Colômbia",
completa.
No começo deste mês, representantes de quinze empresas
brasileiras foram à Itália. A viagem foi organizada por uma série de
entidades que buscam ampliar as exportações, como a Federação e o Centro
das Indústrias de São Paulo (Fiesp/Ciesp) e a Agência Brasileira de
Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). No país europeu,
os empresários participaram de seminário técnico com foco nas
regulamentações do mercado local e conheceram melhor as tendências de
consumo do continente.
No ano passado, o Brasil ficou na 24ª
posição do ranking de origem das importações feitas pela Itália. As
vendas brasileiras para o país europeu se concentraram em minérios
(15,7%), pastas de madeira (14,9%) e café, chá, mate e especiarias
(13,8%).
A Itália não foi o único país europeu visitado por
brasileiros neste ano. Com o apoio do governo britânico, executivos de
54 empresas e organizações empresarias pousaram no Reino Unido no último
dia 8. A finalidade da viagem foi aproximar instituições, governo e
empresas dos dois países.
Outro destino visitado recentemente por
brasileiros foi o Paraguai. O ministro Armando Monteiro, da pasta de
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) acompanhou um
grupo com representantes de 59 empresas em uma viagem ao país na semana
passada. Segundo a assessoria do ministério, a viagem teve como objetivo
"aumentar o comércio e os investimentos bilaterais entre as duas
nações".
Sobre o aumento das vendas para o exterior, Rochlin
afirma que "o crescimento das exportações de commodities, que também
depende da cotação internacional dos produtos, acontece mais rapidamente
com a alta do dólar". A negociação de manufaturados, por outro lado, "é
mais lenta, já que o cliente precisa notar uma estabilidade do câmbio
brasileiro para trocar um fornecedor chinês, por exemplo, por um do
Brasil".
O economista também ressalta que o próprio empresário
brasileiro precisa de maior segurança para ampliar suas vendas. "É
complicado fechar um contrato de dois anos sem saber se o câmbio e,
consequentemente, o valor dos produtos, continuará o mesmo durante este
período."
Cenário favorável
A combinação de real
desvalorizado e mercado interno em recessão amplia a atratividade de
produtos "made in Brasil" no exterior. Comprado por R$ 3,83, o dólar,
que há poucos anos era negociado por R$ 1,50, "não deve valer menos que
R$ 3,50 neste ano", aposta Rochlin. Dessa forma, "continuará alta a
receita em reais do exportador nacional".
A crise econômica no
Brasil também incentiva a aposta em outros países. De acordo com Faria,
"o mercado interno muito ruim faz com que a única alternativa do
produtor seja buscar o mercado externo".
Entre janeiro e agosto
deste ano, o saldo comercial brasileiro (exportações menos importações)
alcançou US$ 7,3 bilhões. O valor é bastante superior ao resultado de
todo o ano passado, que ficou negativo em US$ 4 bilhões.
Renato Ghelfi
http://www.dci.com.br/economia/-com-cambio-favoravel%2C-brasileiros-promovem-suas-empresas-no-exterior-id496335.html
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