quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Donos da JBS buscam trégua com BNDES e querem adiar assembleia.

 


Zanone Fraissat/Folhapress
SAO PAULO/SP-BRASIL,29/08/13 wesley Batista (esq) e Joesley Batista (dir), donos da friboi na cerimonia de entrega do premio as Melhores da Dinheiro 2013 no Credicard Hall.(Foto: Zanone Fraissat /MONICA BERGAMO)
Os irmão Wesley (à esq.) e Joesley Batista, da JBS


A J&F, que controla a JBS e reúne os negócios da família Batista, tenta obter uma trégua do BNDESPar, acionista minoritário que quer afastar Wesley Batista da presidência do frigorífico.
A holding contratou um especialista em mediação de conflitos. Nesta segunda-feira (28), ele enviou uma carta ao BNDESPar na qual pede que seja adiada, por 90 dias, assembleia marcada para a próxima sexta-feira (1º). 

A AGE (assembleia-geral extraordinária) vai decidir, a pedido do BNDESPar, se a empresa entra na Justiça contra seus administradores por danos provocados pelos casos de corrupção confessados pelos irmãos Joesley e Wesley Batista.
A missão de Ricado Lacerda, sócio da BR Partners, é reestabelecer a interlocução entre J&F e BNDESPar, que está desgastada desde a delação premiada dos irmãos.
Lacerda tem experiência em mediação de conflitos: trabalhou para Citibank e Telecom Italia na briga com o Opportunity e assessorou o Casino contra Abilio Diniz.
O BNDESPar, por sua vez, está se movimentando para impedir que a família Batista vote na assembleia. 

Na semana retrasada, o banco protocolou na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) um pedido de interrupção do prazo para a assembleia, alegando conflito de interesse, já que os irmãos seriam os próprios investigados.
O afastamento dos Batista foi uma das primeiras bandeiras levantadas por Paulo Rabello de Castro, que assumiu a presidência do BNDES em junho. Na delação, Joesley acusa o presidente Michel Temer de corrupção. 

Segundo apurou a reportagem, a área técnica da CVM já se manifestou, mas seu entendimento é sigiloso. O caso vai a julgamento do colegiado a partir desta terça-feira (28) e deve ser decidido até a data da assembleia.
Com 42,16% do capital da JBS, a FB Participações, que pertence aos irmãos Batista, teria vitória fácil na assembleia. Representantes da empresa têm ligado para minoritários importantes, como Capital Group e Blackrock, cuja tendência é se abster. 

Mas se a CVM decidir que existe um conflito de interesse, o jogo pode mudar. Graças aos aportes feitos na política dos "campeões nacionais", o BNDES possui 21,32% da JBS e a Caixa Econômica Federal outros os 4,92%. Sem o controlador, basta chegar a 30% dos votos para aprovar o afastamento de Wesley.
"A regra para a CVM decidir deve ser o bom senso. Dizer que não existe um conflito de interesse é um insulto à inteligência", opina Mauro Cunha, presidente da Associação de Investidores em Mercados de Capitais (Amec). 



A CVM vinha optando por não retirar o direito de voto e julgar o conflito a posteriori, mas, recentemente, proibiu o governo de São Paulo e o Metrô de votar em uma assembleia da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae) estadual por causa de conflito de interesse.
Na briga com a BNDESPar, a J&F conta com o apoio do conselho de administração da JBS, que decidiu manter Wesley Batista no comando. A decisão final, no entanto, é da assembleia de acionistas. 

Em comunicado, o conselho da empresa afirma que a troca do presidente seria "prematura e disruptiva" e que a administração deve agir "sem açodamento".
Foram 7 votos favoráveis à permanência de Wesley e dois contrários dos representantes do BNDESPar. Os dois conselheiros independentes votaram a favor dos Batista. 

Para os conselheiros, Wesley é vital nesse momento de turbulência, porque conhece a empresa e ganhou a confiança dos credores ao renegociar a dívida.
O mandato concedido pelo conselho para Wesley vai até meados do ano que vem. Segundo apurou a reportagem, uma transição poderia ser preparada para ocorrer a partir daí. A JBS e o BNDES não comentaram. 


quarta-feira, 23 de agosto de 2017


Dez sinais de que uma empresa pode pedir recuperação judicial.  

Advogado especializado aponta os sinais que, segundo ele, valem para empresas de todos os portes e setores.

Por Tatiana Vaz
19 ago 2017, 12h16


 
Oi: companhia tenta acordo para pagamento de dívida bilionária (Nacho Doce/Reuters)
 

São Paulo – Nesta semana, o Grupo Weber, da família Bertin, um dos maiores conglomerados empresariais do país, entrou com pedido de recuperação judicial. Oi, UTC e PDG foram outras grandes companhias que recorreram a mesma alternativa para pagar dívidas bilionárias, casos que preocupam.

“Esse é um sinal de que a crise chegou em negócios sólidos e pode irradiar para toda a imensa cadeia de fornecedores, empresas de portes diversos”, explica o advogado Edemílson Wirthmann Vicente, da WVADV.
De acordo com ele, a lei de recuperação judicial dá hoje uma segurança bem maior aos empresários que no passado e, aliado à crise econômica, é um dos fatores que explica porque há tantas companhias recorrendo a iniciativa nestes dois últimos anos.

Para Wirthmann Vicente, os indícios de que uma companhia está prestes a entrar com pedido de recuperação judicial são basicamente os mesmos, independentemente do porte e setor de atuação. A seguir, ele lista dez desses sinais.
“Apresentar de um a três destes sinais já é motivo de preocupação”, diz ele. “Identificar os problemas financeiros em fases iniciais facilita a busca de soluções”.

 

1) Rolagem de dívidas – O sinal mais preocupante é quando a empresa começa a ter dificuldades em honrar suas dívidas, rolando em vencimentos com frequência sem amortizar.  
2) Taxas de juros mais altas – O cenário começa a se deteriorar, com um abismo muito grande entre as taxas de juros oferecidas a empresas saudáveis e aquelas que sua empresa está sendo obrigada a pagar. Esse é um sinal de que as instituições já consideram sensivelmente os riscos de crédito à sua empresa.
 

3) Dificuldade em captar crédito – As principais instituições já não concedem crédito à sua empresa, que é obrigada a recorrer a players menores e variados, com taxas maiores.
 

4) Inadimplência – Contas começam a atrasar e diversos títulos da empresa começam a ser protestados. O atraso no pagamento de impostos também pode empurrar uma empresa para uma situação de risco. A constante repactuação e não cumprimento dos termos negociados é fatal para a credibilidade da empresa.
 

5) Capital de giro em frentes não usuais – Despesas operacionais básicas começam a ter seus pagamentos atrasados para compensar a falta do capital de giro. Um exemplo é a conta de luz, que passa a atrasar, sendo paga apenas no limite para o corte.
 

6) Demissões sem pagamento de rescisão – As dívidas começam a chegar no âmbito trabalhista, com demissões sendo realizadas sem o pleno pagamento dos direitos aos funcionários e colaboradores dispensados.
 

7) Oneração de patrimônio – Ativos da empresa começam a ser vendidos ou hipotecados em condições muito inferiores ao valor de face.
 

8) Fornecedores precificam riscos – As empresas parceiras começam a reagir diante dos atrasos nos pagamentos com reduções nos prazos de pagamento e preços maiores que os praticados com outros clientes. As notas que antes tinham pagamentos com vencimentos em 60 dias começam a ter pagamentos exigidos em 30, 15 dias ou mesmo à vista em casos extremos.
 

9) Fragilização das relações com os clientes – O sucessivo não comprimento de prazos nas entregas pode gerar a utilização de mecanismos não usuais no relacionamento, como clientes optarem pela compra de matéria prima para a empresa em vez de fazerem o pagamento convencional.
 

10) Danos de imagem – A crise da empresa já é conhecida por toda o mercado e concorrentes e a situação começa a vazar pra mídia. A exposição pública agrava a situação com clientes, fornecedores, funcionários, acionistas e público final.  
http://exame.abril.com.br/negocios/dez-sinais-de-que-uma-empresa-pode-pedir-recuperacao-judicial/