quinta-feira, 30 de junho de 2016

Inadimplência e juro bancário sobem em maio e batem novo recorde.

Inadimplência das operações com recursos livres somou 5,9%, diz BC.
Já os juros bancários destes empréstimos avançaram para 52,3% ao ano.


Alexandro MartelloDo G1, em Brasília

A taxa média de juros cobrada pelos bancos e a inadimplência das suas operações com recursos livres (excluindo crédito imobiliário, rural e do BNDES) voltaram a subir em maio, batendo novo recorde da série histórica do Banco Central, que começa em março de 2011.

Números divulgados nesta segunda-feira (27) mostram que os juros bancários médios, ainda com recursos livres, cresceram 0,2 ponto percentual em maio, para 52,3% ao ano. Já a inadimplência destas operações, para pessoas físicas e para empresas, atingiu o patamar de 5,9% em maio. Em ambos os casos, são as maiores taxas em mais de cinco anos.

O aumento da inadimplência das empresas e das famílias acontece em um momento de forte recessão na economia brasileira. No primeiro trimestre de 2016, o Produto Interno Bruto (PIB) teve queda de 0,3% em comparação com os três meses anteriores.
Mais cedo, o Banco Central já havia divulgado que os juros médios cobrados pelos bancos nas operações com cheque especial e com cartão de crédito rotativo avançaram em maio deste ano e voltaram a bater recorde histórico.

Pessoas físicas e empresas
O BC informou que a taxa de inadimplência das pessoas físicas, nos empréstimos bancários com recursos livres, que mede atrasos nos pagamentos acima de 90 dias, somou 6,3% em maio – o maior patamar desde maio de 2013, quando somou 6,6%.

Já a taxa de inadimplência de empresas subiu de 5,1% em abril para 5,4% em maio, o maior nível desde o início da série - em março de 2011.

No caso dos juros bancários, os números do Banco Central mostram as taxas cobradas das pessoas físicas subiram 0,7 ponto percentual em maio, para 71,7% ao ano (também o maior da série), enquanto que os juros bancários médios cobrados das empresas, ainda nas operações com recursos livres, recuaram de 31,1% em abril para 30,6% ao ano em maio.

Juro bancário x taxa básica
O aumento dos juros bancários, nos últimos meses, acompanhou a alta da taxa básica da economia, a Selic, fixada pelo Banco Central a cada 45 dias para tentar conter as pressões inflacionárias. A taxa Selic, porém, subiu bem menos do que os juros bancários. Desde o início de 2015, taxa avançou de 11,75% para 14,25% ao ano, ou seja, um aumento de 2,5 pontos percentuais.


Os números mostram que os bancos elevaram suas taxas de juros ao consumidor de maneira bem mais intensa. No mesmo período, os juros bancários médios (sem contar crédito habitacional, rural e do BNDES) subiram 13,2 pontos percentuais e aqueles cobrados somente das pessoas físicas avançaram 19,7 pontos percentuais.
Reportagem publicada pelo jornal norte-americano “The New York Times”, no fim de 2014, informou que os juros praticados em algumas linhas de crédito no Brasil “fariam um agiota americano sentir vergonha”, citando os cartões de crédito.

Estudo da consultoria Economática, divulgado em março deste ano, informa que a mediana da Rentabilidade sobre o Patrimônio (ROE) de todos os bancos brasileiros de capital aberto no ano de 2015 foi de 10,78%, contra 7,92% dos bancos dos Estados Unidos.
Quando se considera apenas os bancos com ativos acima de US$ 100 bilhões (Itau-Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil e Santander), a mediana da rentabilidade sobre o patrimônio foi maior ainda: de 20,06% em 2015.

'Spread' bancário
Com o aumento dos juros bancários para pessoas físicas em abril, houve aumento do chamado "spread bancário" – que é a diferença entre a remuneração paga pelos bancos sobre os recursos capitados e quanto cobram nas operações de crédito.


Em abril deste ano, "spread" nas operações com pessoas físicas somava 57,5 pontos percentuais. Em maio, avançou para 58,7 pontos percentuais. Deste modo, o spread continua em um patamar historicamente elevado. Em doze meses, houve um forte aumento de 14,4 pontos percentuais.
O "spread" é composto pelo lucro dos bancos, pela taxa de inadimplência, por custos administrativos, pelos depósitos compulsórios (que são mantidos no Banco Central) e pelos tributos cobrados pelo governo federal, entre outros.

http://g1.globo.com/economia/seu-dinheiro/noticia/2016/06/inadimplencia-e-juro-bancario-sobem-em-maio-e-batem-novo-recorde.html

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Inadimplência recorde atinge mais da metade das empresas brasileiras, diz Serasa.
O número de empresas inadimplentes no Brasil bateu recorde em abril, mostra levantamento feito pela Serasa Experian. Segundo a pesquisa, 4,4 milhões de companhias estão com dívidas em atraso, mais da metade das cerca de 8 milhões de empresas em operação no País. O recorde anterior era de junho do ano passado, quando 3,8 milhões de empresas estavam negativadas. O volume atual de dívidas atrasadas soma R$ 105,6 bilhões. 

O levantamento aponta ainda que, do total de companhias inadimplentes, 45,2% são comerciais (lojas de vestuário, concessionárias, lojas de eletrônicos, entre outros), 45% são do segmento de serviços (bar, restaurante, salões de beleza, turismo, entre outros) e 8,9% são indústrias. O Sudeste é a região que concentra a maioria das empresas com dívidas em atraso do País: 51%. Em segundo lugar aparece o Nordeste, com 17,9%, seguido do Sul (16,6%), Centro-oeste (8,9%) e Norte (5,7%). 

Quase metade das empresas inadimplentes conta com quatro dívidas ou mais (48,5%). Depois estão aquelas com uma dívida em atraso (29,9%) e as empresas com duas pendências financeiras (13,3%). As companhias com três dívidas atrasadas são minoria (8,3%). A maioria das empresas está inadimplente com apenas um credor (57,1%). Do total, 22,4% têm conta em atraso com mais de três credores e 20,5% apresentam pagamentos pendentes para dois credores. 

Para economistas da Serasa, a inadimplência das empresas preocupa mais do que a do consumidor. “O quadro recessivo que se instalou na economia brasileira desde o ano passado afeta diretamente o ritmo dos negócios e, por consequência, a geração de caixa por parte das empresas. Além disto, a crescente elevação dos custos financeiros (taxas de juros mais altas) e de mão-de-obra (salários crescendo acima da produtividade) impõe maiores dificuldades financeiras para os negócios”, dizem os analistas em nota. 

Eles alertam também para o fato de que a maior parte das empresas negativadas são de pequeno ou médio porte. Estas, que concentram a geração de emprego no Brasil, podem não conseguir honrar suas dívidas e acabar atrasando o pagamento de salários, o que contribuiria para elevar as taxas de desemprego.

http://istoe.com.br/inadimplencia-recorde-atinge-mais-da-metade-das-empresas-brasileiras-diz-serasa/

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Mais da metade das empresas estão inadimplentes, diz Serasa.
 

Segundo levantamento, 4,4 milhões de empresas estão com 'nome sujo'.
Comércio é o setor com maior número de empresas negativadas. 


Do G1, em São Paulo

Mais da metade das empresas em operação no país estão com o "nome sujo", segundo levantamento da Serasa divulgado nesta sexta-feira (10). Das cerca de 8 milhões de empresas em operação no país, 4,4 milhões delas estão "negativadas".
O número de inadimplentes é o maior desde que a medição começou a ser feita, em 2015. De acordo com a pesquisa, as dívidas atrasadas somam R$ 105,6 bilhões.
De março de 2015 a março deste ano, mais de 577 mil empresas se somaram às já negativadas anteriormente – o equivalente a mais de uma empresa por minuto.

Empresas inadimplentes (Foto: Reprodução/Serasa)  

Setores e regiões
O comércio é o setor com maior número de empresas negativadas: 45,2% do total. Serviços respondem por 45%, enquanto a fatia da indústria é de 8,9%.

Por regiões, o Sudeste responde por 51% das empresas com dívidas em atraso, enquanto o Nordeste tem 17,9%; Sul 16,6%, Centro-Oeste 8,9%, e Norte 5,7%.

http://g1.globo.com/economia/negocios/noticia/2016/06/mais-da-metade-das-empresas-estao-inadimplentes-diz-serasa.html

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Setor de serviços no Brasil cai 4,5% e tem pior resultado para abril desde 2012.
Transportes e serviços auxiliares dos transportes e correio representaram o principal peso sobre o resultado de abril, cujo volume recuou 6,5%.


Setor de transportes recuou 6,5% em abril.
Setor de transportes recuou 6,5% em abril.
Foto: ALF RIBEIRO / Estadão Conteúdo
Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira

RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO - As perdas nos segmentos de transportes, informação e atividades profissionais mantiveram o setor de serviços em trajetória de queda em abril, registrando o pior resultado para o mês desde o início da série histórica iniciada em 2012, em meio ao cenário de recessão, desemprego e inflação elevados que afetam o consumo.

O volume do setor brasileiro de serviços recuou 4,5 por cento em abril sobre o mesmo mês do ano anterior, 13º mês seguido no vermelho, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira.

Apesar da queda anual ter sido menor do que a de 5,9 por cento vista em março, o coordenador da pesquisa no IBGE, Roberto Saldanha, salientou que "ainda não há uma tendência de reversão".

"Para o setor de serviços zerar a perda, tem que crescer 0,6 por cento ao mês de maio até dezembro na comparação com o ano anterior. Isso parece um pouco difícil dado o comportamento da indústria e da economia brasileira", completou ele.

Com a economia em recessão e o desemprego em alta, o principal peso sobre o resultado de abril veio do segmento de Transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio, cujo volume recuou 6,5 por cento em abril.

Também pesou a atividade de Serviços de informação e comunicação, com queda de 3 por cento, e de Serviços profissionais, administrativos e complementares, com recuo de 5,4 por cento.

O volume do chamado agregado especial Atividades turísticas, item à parte por repetir serviços já avaliados em outras atividades, acelerou as perdas a 3,6 por cento em abril, contra queda de 2,3 por cento no mês anterior.

A pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) aponta para ainda mais deterioração do setor de serviços do Brasil em maio, com mais demissões de empregados.

Reuters

http://www.dci.com.br/servicos/setor-de-servicos-cai-4,5,-no-pior-resultado-para-abril-desde-2012-id555073.html

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Inadimplência afeta metade das empresas do país.
 
Com dificuldades de caixa, 4,4 milhões de firmas em operação no Brasil têm dívidas em atraso, recorde que representa R$ 105,6 bi.
 


A recessão levou o número de empresas inadimplentes no Brasil a novo recorde em abril, de acordo com estudo feito pela consultoria Serasa Experian. Segundo a pesquisa, 4,4 milhões de organizações têm dívidas em atraso, representando mais da metade das cerca de 8 milhões de empresas em operação no país. O recorde anterior era o de junho do ano passado, quando 3,8 milhões de empresas estavam negativadas. O volume atual de dívidas em atraso soma R$ 105,6 bilhões.
 
O levantamento aponta, ainda, que, do total de companhias inadimplentes, 45,2% atuam no comércio – são lojas de vestuário, concessionárias, e de eletrônicos, entre outros –, 45% pertencem ao segmento de prestação de serviços (bares, restaurantes, salões de beleza e turismo) e 8,9% são indústrias. O Sudeste é a região que concentra a maioria das empresas com dívidas em atraso do país: 51%. Em segundo lugar, aparece o Nordeste, com 17,9%; seguido do Sul (16,6%), Centro-oeste (8,9%) e Norte (5,7%).
 
Quase metade das empresas inadimplentes tem quatro dívidas ou mais (48,5%) não pagas. Aquelas que têm uma dívida em atraso são 29,9% e as empresas com duas pendências financeiras são 13,3% do total da amostra. As companhias com três dívidas atrasadas são minoria (8,3%).
 
Do ponto de vista da quantidade de credores, a maioria das empresas está inadimplente com apenas um fonte do empréstimo (57,1%). Do total, 22,4% têm conta em atraso com mais de três credores e 20,5% apresentam pagamentos pendentes junto a dois credores. Para economistas da Serasa, a inadimplência das empresas preocupa mais do que a do consumidor.
 

CUSTOS FINANCEIROS 
“O quadro recessivo que se instalou na economia brasileira desde o ano passado afeta diretamente o ritmo dos negócios e, por consequência, a geração de caixa por parte das empresas. Além disso, a crescente elevação dos custos financeiros (taxas de juros mais altas) e de mão de obra (salários crescendo acima da produtividade) impõe maiores dificuldades financeiras para os negócios”, dizem os analistas em nota.
 
Eles alertam também para o fato de que a maior parte das empresas negativadas são de pequeno ou médio porte. Estas, que concentram a geração de emprego no Brasil, podem não conseguir honrar suas dívidas e acabar atrasando o pagamento de salários, o que contribuiria para elevar as taxas de desemprego.

Sinal de reação na indústria
 
O Indicador de Investimento da Indústria, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), subiu 0,6 ponto no segundo trimestre deste ano, em relação ao trimestre imediatamente anterior. Com o resultado, o índice atingiu 82,5 pontos, depois de alcançar o menor nível da série histórica (81,9 pontos) de janeiro a março de 2016.
 
Embora discreta, essa foi a primeira alta do indicador desde o terceiro trimestre de 2013. “Assim como ocorre com os indicadores de confiança, o resultado sugere que as taxas de crescimento do investimento já passaram por seu pior momento e podem, gradualmente, se tornar menos negativas daqui por diante”, afirmou o superintendente adjunto para Ciclos Econômicos do Ibre/FGV, Aloisio Campelo, em comunicado.
 
Segundo a sondagem, 16,2% das empresas pesquisadas informaram que, nos próximos 12 meses, planejam ampliar seus programas de investimento. No segundo trimestre do ano passado, eram 19,8% e, no primeiro trimestre deste ano, 16,7%. Já a parcela das indústrias que pretende reduzir os investimentos nos próximos 12 meses passou a 33,7% no segundo trimestre deste ano, em comparação a 27,7% em igual período do ano passado e 34,8% no primeiro trimestre.
 
A FGV informa ainda que há mais empresas incertas sobre a realização dos seus programas de investimento nos próximos 12 meses (39,1%), do que certas disso, 31,8%. Assim, o saldo do indicador de “grau de certeza dos planos de investimento” é de -7,3 pontos. “O resultado decorre das incertezas em relação aos cenários econômicos e políticos do país, e lança dúvidas quanto à efetiva evolução dos investimentos planejados nos próximos meses”, informou a FGV.
 
A Sondagem de Investimentos é um levantamento estatístico trimestral que fornece sinalizações sobre o rumo dos investimentos produtivos no setor industrial. Os dados para a sondagem foram coletados entre 4 de abril e 31 de maio junto a 784 empresas.

Turbulência dentro e fora de casa 

O dólar estendeu ontem a alta da véspera, apoiado no clima de aversão ao risco no exterior. Preocupações com a economia mundial apoiaram a queda de commodities (produtos agrícolas e minerais cotados no mercado internacional), das bolsas internacionais e dos juros dos Treasuries, os títulos negociados nos Estados Unidos, enquanto a moeda norte-americana e o ouro subiram como busca de proteção. O dólar comercial obteve valorização de 0,91% no fim do pregão, alcançando R$ 3,4310. No mercado futuro, para julho, chegou a R$ 4,455.
 
A Bolsa de Valores de são Paulo (Bovespa) fechou em queda de 3,32%, aos 49.422,15 pontos, influenciada pelo cenário internacional bastante adverso, com a corrida dos investidores estrangeiros em busca de ativos mais seguros. O volume de negócios na bolsa brasileira totalizou R$ 5,14 bilhões, pouco abaixo da média diária de junho (R$ 5,625 bilhões).

 

O estrategista-chefe do banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno, considerou que os mercados prolongaram ontem a realização de lucros, após a queda de 6,71% do dólar em seis sessões e a alta de 2,26% da Bovespa na quarta-feira. O clima de aversão ao risco mostra que os investidores em âmbito mundial já se preparam para os dois eventos de risco nas próximas semanas: a reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), nos dias 14 e 15, e o plebiscito no Reino Unido, no dia 23, para que o país decida se sairá ou não da União Europeia.
 
“Ninguém quer ficar montado em posição no fim de semana diante desses fatores de risco à frente”, afirmou Rostagno. O dólar só perdeu terreno para divisas consideradas mais fortes, como o iene e o franco suíço, o que sinaliza também o cenário de aversão ao risco. “O investidor mostra preocupação com os próximos passos da economia mundial”, afirmou o especialista.
 
O megainvestidor George Soros já alertou, ontem, que há boa chance de a União Europeia (UE) entrar em colapso caso o Reino Unido deixe o grupo europeu. De acordo com pesquisa de opinião divulgada pelo jornal britânico The Independent, 55% dos entrevistados acreditam que o Reino Unido deveria deixar a União Europeia. O resultado representa alta de quatro pontos porcentuais sobre a última pesquisa, feita em abril. Os que se disseram favoráveis à permanência na UE permaneceram em 45%.
 
No Brasil, há compasso de espera ainda por desdobramentos dos pedidos de prisão de lideranças do PMDB –Romero Jucá, Renan Calheiros e Eduardo Cunha –, que estão nas mãos do ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki. Rostagno, do Mizuho Brasil, citou que a Operação Lava-Jato pode trazer novidades, já que está chegando aos políticos, depois da prisão de executivos, tesoureiro e marqueteiro de campanhas eleitorais. “Isso pode trazer turbulências para o cenário, atrasando reformas e, dependendo do evento, pode haver algum catalisador que diminua a legitimidade do atual governo ou algum evento que prejudique a relação do Executivo com o Legislativo”, afirmou.

http://www.em.com.br/app/noticia/economia/2016/06/11/internas_economia,771599/inadimplencia-afeta-metade-das-empresas.shtml

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Brasil emite 'sinal de mudança positiva na dinâmica do crescimento', diz OCDE.

Estudo diz que atividade econômica mostra indícios de reação, mas segue abaixo da média histórica.


Brasil emite 'sinal de mudança positiva na dinâmica do crescimento', diz OCDE
Brasil emite 'sinal de mudança positiva na dinâmica do crescimento', diz OCDE
Foto: Vasilii Shestakov/Dreamstime

LONDRES - O Brasil ainda sofre com a profunda recessão, mas dados que apontam para a tendência futura da economia trazem um "sinal de mudança positiva na dinâmica do crescimento". A avaliação consta de uma pesquisa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O estudo reconhece que a atividade econômica emite sinais de reação, mas segue abaixo da média histórica.
Mensalmente, a OCDE calcula o chamado Indicador Composto Avançado (CLI, na sigla em inglês) para tentar antecipar mudanças nos ciclos econômicos dos países e blocos econômicos. O dado relativo ao Brasil subiu de 98,35 em março para 98,79 em abril, mês anterior ao afastamento da presidente Dilma Rousseff.

A alta de abril foi a oitava consecutiva do indicador brasileiro. Essa tendência tem ganhado alguma velocidade, já que a elevação havia sido de 0,05% em dezembro de 2015, 0,13% em janeiro, 0,26% em fevereiro, 0,38% em março até atingir 0,45% em abril. Apesar da dinâmica positiva, o dado segue abaixo de 100 - o que indica que a atividade ainda está abaixo da média histórica do País.
Na comparação anual, o indicador do Brasil acumulou alta de 1,28%. Entre os 15 grandes países e blocos econômicos, essa foi a maior alta anual em abril. Na comparação mensal, o número brasileiro só ficou atrás da Rússia, cuja alta foi de 0,56% ante março, para 99,2. Brasil e Rússia são os dois países que emitem "sinal de mudança positiva na dinâmica", diz a OCDE.

Entre os demais países, a maioria da economias desenvolvidas sinaliza "dinâmica estável de crescimento" como Alemanha, França, Japão, Canadá, zona do euro e o conjunto dos 33 países da OCDE. O indicador dos Estados Unidos (dado em 98,9) aponta para a "estabilização do crescimento", enquanto Itália e Reino Unido sinalizam "desaceleração do crescimento", cita o estudo.
Entre os emergentes, a China tem demonstrado "estabilização da dinâmica do crescimento", com leitura em 98,4. Já a Índia tem demonstrado "crescimento firme", com CLI em 100,4.

Nesse estudo, a OCDE avalia a dinâmica da tendência econômica com base em uma série de indicadores antecedentes, como estágios iniciais da produção, expectativa para a atividade futura e variáveis relacionadas às políticas econômicas, entre outros sinais. O número oscila em torno de 100 - patamar que marca o ritmo de crescimento histórico de cada país. Abaixo desse nível, o indicador mostra que a atividade está abaixo da média histórica. Acima, mostra crescimento mais forte.

Estadão Conteúdo
http://www.dci.com.br/economia/brasil-emite-sinal-de-mudanca-positiva,-diz-ocde-id553593.html

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Inadimplência de microempreendedores chega a 59%.

David Sacks / ThinkStock

Escolha forçada: empreendedorismo por necessidade subiu de 29% para 44% de 2014 para 2015

Murilo Rodrigues Alves, do Estadão Conteúdo


São Paulo - O aumento do desemprego incrementa o número de brasileiros que abrem seu próprio negócio. Os microempreendedores individuais (MEIs) já alcançam a marca de 6 milhões de pessoas.

No entanto, segundo a Receita Federal, seis em cada dez estão inadimplentes, com o recolhimento dos impostos em atraso há mais de 90 dias.

É o caso de Lucas Gonçalves de Melo, que vende quentinhas em casa, para empresas e para operários em canteiros de obra. No ano passado, ele formalizou a Cidade Santa Marmitex e chegou a fornecer até 500 quentinhas por dia.

Mas teve de mudar de cidade e o volume de pedidos diminuiu. Agora, ele está montando uma cozinha nova nos fundos de casa com a ajuda da mãe e, enquanto reestrutura o negócio, deixou de pagar o boleto mensal do MEI.

"Ser patrão de você mesmo te dá uma liberdade maior, mas também aumenta a responsabilidade."

"Nossa missão é ajudar esse pequeno empresário a se regularizar para continuar trabalhando e tendo seus direitos garantidos", diz o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos.

Segundo ele, agora, o foco do "maior programa de formalização do mundo", criado há quase sete anos, é diminuir o número de calotes, que subiu de 55,5% no fim de 2015 para 59,4% no início deste ano. Até maio, 405 mil pessoas se formalizaram como MEI.

Segundo pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), feita no Brasil pelo Sebrae e pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP), o empreendedorismo por necessidade subiu de 29% para 44% de 2014 para 2015.

Já o número de brasileiros que abriram uma empresa por identificar uma oportunidade - e não por necessidade - caiu em relação aos últimos anos e voltou ao patamar de 2007.

Em 2015, a taxa de empreendedorismo no País foi de 39,4% - ou seja, quatro em cada dez brasileiros adultos estão envolvidos com a criação de uma empresa - o maior índice dos últimos 14 anos e quase o dobro do registrado em 2002, quando a taxa era de 20,9%.

Segundo o Sebrae, a taxa de empreendedorismo brasileira é superior a dos EUA, México, Alemanha e de países como Rússia, Índia, China e África do Sul.

São microempreendedores individuais os empresários que trabalham sozinhos ou com, no máximo, um funcionário e cuja receita anual é de até R$ 60 mil por ano.

O empreendedor tem acesso ao seguro-saúde do INSS e à aposentadoria. Com a formalização, a empresa amplia o mercado porque pode emitir nota fiscal, vender para órgãos públicos e usar máquinas de pagamento por débito e crédito, por exemplo.

Para ter acesso aos benefícios previdenciários e estar regularizado, o MEI deve pagar, até o dia 20 de cada mês, o boleto mensal que varia entre R$ 45 e R$ 50, dependendo da atividade exercida.

O valor corresponde a 5% do salário mínimo, destinado à Previdência Social, e R$ 1 ou R$ 5 referentes ao ICMS ou ISS. Ele também deve enviar todos os anos a declaração anual de rendimentos - o prazo se encerra no dia 31 de maio.

De acordo com as novas regras, os pequenos empresários que estiverem com contribuições mensais de 2014, 2015 e 2016 consecutivas em atraso e que não fizeram a declaração anual desses anos terão os registros cancelados no segundo semestre deste ano.

Demissões
Ao contrário das grandes empresas, o ritmo de demissões nos pequenos negócios desacelerou em abril na comparação com o mês anterior.

Foram fechadas 10,5 mil vagas, quatro vezes menos do que os 46,9 mil registrados no mês de março.

Na comparação com as empresas de médio e grande porte, a diferença é de mais de cinco vezes. Nas empresas maiores, a geração de empregos, em abril, ficou negativa em 54,6 mil, segundo o Sebrae.



http://exame.abril.com.br/pme/noticias/inadimplencia-de-microempreendedores-chega-a-59