Renegociações de dívida e inadimplência vão aumentar, diz BC.
Da AGÊNCIA BRASIL
A inadimplência e
as renegociações de dívidas devem aumentar, no atual cenário de crise
econômica, de acordo com previsão do diretor de Fiscalização do Banco Central (BC), Anthero Meirelles.
“A gente espera evidentemente que a inadimplência continue crescendo,
não estamos esperando nada explosivo, nenhuma ruptura. Mas está
crescendo em todos os bancos”, disse o diretor, ao apresentar o
Relatório de Estabilidade Financeira. Meirelles afirmou que os bancos já
se anteciparam ao cenário adverso, com aumento de provisões para
possíveis perdas com operações de crédito.
O diretor acrescentou que é preciso acompanhar o aumento da
inadimplência “com uma lupa”, mas o sistema financeiro é “um fundamento
importante da economia brasileira. “É uma parte forte, é um elo forte da
corrente.”
Renegociações
Os dados do BC mostram que ao final do ano passado 7,6% do saldo da
carteira de crédito dos bancos era de empréstimos renegociados. Esse
percentual era menor no fim do primeiro semestre de 2015: 6,7%.
O banco também observou o aumento de reestruturações de operações, que
são feitas em situações mais severas, pois o tomador enfrenta
dificuldades financeiras evidentes e, em geral, já possui operações em
atraso.
Para resolver esse problema, explica o BC, o banco admite concessões
relativamente às condições de pagamento, que não aceitaria em condições
normais de mercado, pois o objetivo passa a ser a recuperação do
principal (valor emprestado).
Nesse caso, saldo das operações reestruturadas evoluiu de 1,6% da carteira em junho para 1,9% em dezembro de 2015.
Segundo o diretor, do total das operações reestruturas, 30% geram perdas ao banco no futuro. Mas se esses empréstimos não tivessem sido reestruturados, a estimativa
do BC é que haveria um aumento de 0,7 pontos percentuais na
inadimplência de empresas e pessoas físicas, que fechou 2015 em 3,4%.
Crédito
O diretor acrescentou que tanto a oferta pelos bancos com a demanda das empresas e famílias por crédito estão baixas.
“Hoje o que impede um mercado mais dinâmico de crédito é o baixo nível
de confiança de pessoas físicas e empresas, que reflete um pessimismo
com relação à situação econômica. O crédito voltará a crescer quando
esses níveis de confiança estiverem se recuperando”, disse, ao ser
questionado sobre os efeitos de medidas de estimulo ao crédito,
anunciadas em janeiro pelo governo, em momento de baixa demanda e oferta
de crédito. Entretanto, Meirelles acrescentou que a situação de baixa confiança e de
performance nos negócios não atinge todos os setores igualmente. Ele
destacou que alguns setores continuam “pujantes, como o exportador, de
substituição de importação e o agronegócio.
http://exame.abril.com.br/economia/noticias/renegociacoes-de-divida-e-inadimplencia-vao-aumentar-diz-bc