terça-feira, 25 de julho de 2017

Inadimplência cai e melhora clima para negócios.

O crescimento, porém, pode ser decorrência natural do aumento do número de consumidores que foram às compras no trimestre, e não a indicação de uma tendência.

 

O Estado de S.Paulo 

Pode causar certa preocupação a constatação, pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) – em pesquisa feita em parceria com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) –, de que, de janeiro a março, mais 900 mil pessoas físicas passaram a integrar a lista de inadimplentes, elevando para 59,2 milhões o número de consumidores brasileiros com pagamentos em atraso, 1,5% mais do que o número de dezembro (58,3 milhões).
O crescimento, porém, pode ser decorrência natural do aumento do número de consumidores que foram às compras no trimestre, e não a indicação de uma tendência. Em março, por exemplo, o total de inadimplentes recuou 0,36% e o volume de dívidas apresentou queda de 4,42% em comparação com o mesmo mês do ano anterior. 


Como afirma Honório Pinheiro, presidente da CNDL, tem havido uma “desaceleração do crescimento da inadimplência desde o segundo trimestre de 2016, o que reflete tanto a recessão econômica, que reduziu a capacidade de compra das famílias, como a redução da tomada de crédito por parte dos consumidores e sua propensão a consumir”.
Os resultados da pesquisa do SPC/CNDL são muito próximos aos da pesquisa nacional da Boa Vista SCPC, que verificou um decréscimo de 3,5% na inadimplência em março em comparação com idêntico período de 2016. No acumulado do trimestre, a Boa Vista apurou queda de 4,4% em nível nacional.

Vale notar que, no acumulado de 12 meses até março, apenas na Região Norte a inadimplência aumentou (1,7%). No Nordeste, ficou estável, tendo caído no Centro-Oeste (0,2%), no Sul (4,8%) e mais pronunciadamente no Sudeste (5,5%). No período anual, houve diminuição de 3,6%.
Apesar da melhora no ambiente de negócios, ainda há motivos para cautela, principalmente por parte dos bancos, que concentram 48,9% do total dos compromissos em atraso, o que os tem levado a conter os financiamentos ao consumidor. O peso sobre o comércio é também considerável, com 20,05% dos débitos pendentes, ficando os serviços de comunicação com 13,09%.
A expectativa, porém, é de que com a retomada gradual da economia, favorecida pela redução da inflação e das taxas de juros, a inadimplência prossiga em rota de baixa, permitindo destravar o crédito ao consumo.

http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,inadimplencia-cai-e-melhora-clima-para-negocios,70001738164

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Inadimplente deve três vezes o salário.

Número de brasileiros com contas em atraso chegou ao nível recorde de 61 milhões; alguns acumulam mais de 20 dívidas diferentes.


Renée Pereira e Anna Carolina Papp, O Estado de S.Paulo
17 Julho 2017 | 05h00

Soraia Aparecida dos Santos se endividou para fazer faculdade; Fábio Chagas para ajudar um amigo; e Roberto Iglesias para montar um negócio. Os três pegaram crédito por motivos diferentes, mas hoje vivem o drama de milhares de brasileiros que não conseguem pagar as contas em dia. Com renda em queda e desemprego, as dívidas logo saem do controle. Uma pesquisa da empresa de recuperação de crédito Recovery, feita pelo Data Popular, mostra que hoje o brasileiro inadimplente deve, em média, três vezes o que ganha e, em alguns casos, acumula até 20 dívidas diferentes.

A maior parte das dívidas foi feita nos últimos três anos – período que coincide com o agravamento da crise econômica no País. De 2014 para cá, a taxa de desemprego mais que dobrou, atingindo 14 milhões de brasileiros. Ao mesmo tempo, a população teve de conviver com a disparada da inflação, escassez de crédito e juro alto. Foi uma combinação perfeita para o aumento da inadimplência, que hoje atinge um contingente de 61 milhões de brasileiros. “É metade da população economicamente ativa”, afirma o presidente da Recovery, Flavio Suchek.


Inadimplência
Algumas pessoas acumulam mais de 20 dívidas diferentes Foto: Monica Zarattini|Estadão

O contingente de inadimplentes é o maior em pelo menos cinco anos – início do indicador de Inadimplência do Consumidor da Serasa Experian. “Diferentemente de outros períodos, como em 2012, a inadimplência elevada não é resultado de excesso de endividamento – até porque a carteira de crédito está em queda”, explica Luiz Rabi, economista da Serasa Experian. “Não é que o brasileiro está se endividando além da conta, é justamente o impacto da crise, com o desemprego em nível recorde. Não é que ele não quer pagar – ele não tem dinheiro.”

http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,inadimplente-deve-tres-vezes-o-salario,70001892732

terça-feira, 11 de julho de 2017

25% tiveram crédito negado em maio.

46% dos consumidores consideram que atualmente está difícil tomar crédito e 57% planejam reduzir gastos em julho.


Por G1
05/07/2017 11h40 Atualizado 05/07/2017 11h40


O Indicador de Uso do Crédito apurado pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) revela que 25% dos brasileiros tiveram crédito negado no mês de maio ao tentar fazer uma compra a prazo ou contratar empréstimo ou financiamento. A principal razão foi o fato de estar com o nome inserido em cadastros de inadimplentes (10%) ou a falta de comprovação de renda (4%).

Para 46%, é ‘difícil ou muito difícil’ contratar empréstimos ou linhas de financiamento. Apenas 13% dos consumidores avaliam o processo como fácil.
Seis em cada dez (58%) consumidores não utilizaram nenhuma modalidade de crédito no mês de maio, como empréstimos, linhas de financiamento, crediários e cartões de crédito. O restante (42%), porém, mencionou ao menos uma modalidade a qual tenham recorrido no período.
Os cartões de crédito (35%) e os cartões de loja e crediário (16%) foram as modalidades mais usadas no último mês. O cheque especial foi citado por 7% da amostra. Outros 5% recorreram a empréstimos e 4% buscaram financiamentos.
“Com a inadimplência em patamar elevado, desemprego crescente e recessão ainda longe do fim, tanto bancos como financeiras têm restringido o crédito no mercado, o que dificulta a contratação por parte do consumidor. Além disso, as taxas de juros, ainda muito elevadas, acabam inibindo o apetite do brasileiro na busca de recursos financeiros para consumir”, explica o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.

Gastos
A maioria (57%) dos consumidores ouvidos pretende cortas gastos no mês de julho. A redução da renda, o desemprego ou o endividamento foram as razões apontadas por 37% dos que vão reduzir o consumo. Outros 25% destacam o fato de estarem sempre tentando economizar, além da percepção de que os preços estão elevados (24%) e da intenção de fazer uma reserva financeira (8%). Apenas 4,8% dos entrevistados pretendem diminuir os gastos para poder viajar, mesmo sendo julho um mês de férias escolares.
Apenas 16% dos consumidores estão com as contas no azul - ou seja, com sobra de recursos para consumir ou fazer investimentos. A maior parte (42%) admite estar no zero a zero, sem sobra e nem falta de dinheiro, enquanto 34% encontram-se no vermelho e não conseguem pagar todas as contas com a renda que possuem.
Excluindo os itens de supermercado, os produtos que os consumidores planejam adquirir ao longo do mês de julho são em sua maioria remédios (23%), roupas, calçados e acessórios (20%), recarga para celular pré-pago (15%) e perfumes e cosméticos (11%).


Cartão de crédito
 
Entre os brasileiros que se utilizaram do cartão de crédito (35%) em maio, a minoria (23%) conseguiu diminuir o valor da fatura. Para 38% ela se manteve em patamar estável na comparação com o mês anterior, ao passo que 33% observaram aumento no valor utilizado. Desconsiderando os que não souberam responder o valor exato que gastaram no cartão (30%), o valor médio reportado pelos entrevistados foi de R$ 933.
As compras de supermercados lideraram entre os itens mais adquiridos via cartão de crédito, com 65% de menções. Em seguida surgem os gastos com remédios e farmácia (52%), roupas, calçados e acessórios (37%), combustível (35%) e gastos com bares e restaurantes (28%).
http://g1.globo.com/economia/seu-dinheiro/noticia/25-tiveram-credito-negado-em-maio.ghtml

sexta-feira, 7 de julho de 2017

Inadimplência, mais um freio.
 
Se depender dos gastos familiares, a economia continuará em marcha lenta. Isso deve perdurar pelo menos até uma boa limpeza nos orçamentos caseiros.

O Estado de S.Paulo
04 Julho 2017

Se depender dos gastos familiares, a economia continuará em marcha lenta – avançando, quase certamente, mas sem grandes arrancos. Isso deve perdurar pelo menos até uma boa limpeza nos orçamentos caseiros. Em maio, com mais 900 mil nomes adicionados à lista, o número de consumidores inadimplentes chegou a 61 milhões, segundo a Serasa Experian. Foi o maior contingente registrado na série iniciada em 2012. Isso corresponde a quase um terço da população brasileira, incluídos bebês, crianças e jovens menores de idade. Desemprego ainda muito elevado, com 13,8 milhões de desocupados no trimestre de março a maio, e crédito escasso e caro são obviamente as principais explicações. Um ano antes, o cadastro apontava 59,5 milhões de inadimplentes.

Pessoas com dívidas em atraso pouco poderão contribuir para a recuperação dos negócios no varejo. Mantido esse quadro, o consumo das famílias até poderá crescer mais que o investimento privado, neste ano, mas ainda avançará em ritmo insuficiente para tirar do já prolongado marasmo a economia nacional. A seca do crédito prossegue, embora a taxa básica de juros, a Selic, esteja em baixa desde outubro. Há cautela de lado a lado. Os bancos permanecem muito cuidadosos na concessão de empréstimos, enquanto os tomadores – pessoas jurídicas e físicas – se mantêm prudentes na busca de financiamentos.

Com outro padrão de medida, o Banco Central (BC) também mostrou o aumento da inadimplência das famílias em maio. A parcela dos saldos com atrasos superiores a 90 dias atingiu 4,1%. Essa taxa foi 0,1 ponto porcentual maior que a de abril, mas houve recuo de 0,2 ponto em 12 meses.
A melhora no intervalo de um ano, portanto, foi muito limitada. Em 12 meses diminuiu 14,1% o crédito concedido a pessoas jurídicas e aumentou 2,5% o destinado a pessoas físicas, variação nominal inferior à inflação. No mesmo período, o saldo total dos financiamentos caiu 3,6% em comparação com o Produto Interno Bruto (PIB). O saldo comprometido com as pessoas físicas encolheu 0,2% na mesma relação.

Sem o recuo da inflação, observado claramente a partir do segundo semestre do ano passado, o orçamento familiar estaria muito mais apertado. A menor variação de preços foi acompanhada de juros básicos menores e até de alguns sinais positivos na oferta de empregos. Durante algum tempo, consumidores e empresários mostraram maior otimismo – ou menor pessimismo – quanto ao futuro próximo. Mas a inadimplência permaneceu elevada, mesmo com algum esforço de renegociação de dívidas. A melhora muito vagarosa da oferta de empregos dificultou a recomposição das finanças familiares, limitando as possibilidades de aumento de gastos com bens e serviços.
Pesquisas de junho têm mostrado uma piora na disposição de empresários e consumidores. Até maio, tinha havido alguma melhora. Os números da inadimplência divulgados pela Serasa e pelo BC ainda se referem a maio. Esse detalhe é importante. 

As pesquisas sobre expectativas mostraram resultados piores no mês passado, semanas depois do início da crise associada às denúncias contra o presidente da República. O aumento da inadimplência dos consumidores, observado em maio, foi independente, portanto, do agravamento da incerteza política. Foi, tudo indica, uma decorrência das condições inseguras da economia, com recuperação vagarosa, muito dependente da agropecuária, disseminada apenas parcialmente no setor industrial e com escassa geração de oportunidades de trabalho.

Durante algum tempo, os mais otimistas apontaram uma economia – em começo de recuperação – descolada dos problemas políticos. Os dados da inadimplência mostram o descolamento de outra perspectiva: também os aspectos frágeis da reativação foram independentes, pelo menos até maio, das incertezas em Brasília. Com o surgimento da crise, a insegurança política voltou a afetar as expectativas e as decisões na área dos negócios. A resposta sensata é obviamente procurar, dentro dos limites da lei, a solução menos demorada e menos custosa para esse novo desafio.

http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,inadimplencia-mais-um-freio,70001875499

segunda-feira, 3 de julho de 2017

Inadimplência das famílias não muda com FGTS inativo.
 

Após três meses de saque das contas, injetando R$ 27 bilhõesna economia, índice de inadimplência permanece inalterado.

Fabrício de CastroEduardo Rodrigues, O Estado de S.Paulo
29 Junho 2017 | 05h00

Mesmo após três meses de saques nas contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), a inadimplência entre as famílias brasileiras seguiu nos níveis do início do ano. Foram cerca de R$ 27 bilhões injetados na economia de março a maio, mas mesmo assim, o índice de inadimplência das famílias em operações de crédito encerrou maio em 5,9%. O porcentual é idêntico ao verificado em fevereiro, antes do início dos saques.

Os dados, divulgados ontem pelo Banco Central, referem-se às operações de crédito livre – ou seja, não incluem recursos da poupança e do BNDES. 


 

Inflação em alta entre as famílias não cede, apesar da liberação do FGTS Foto: Thiago Teixeira/Estadão

Em fevereiro, quando o presidente Michel Temer anunciou, em cerimônia oficial no Planalto, o calendário de saques do FGTS, o governo defendeu que os recursos serviriam para reduzir a inadimplência e o endividamento das famílias. A expectativa era de que parte dos recursos fosse usada para pagar contas em atraso, enquanto outra parcela fosse destinada ao consumo, contribuindo para a retomada do varejo.

http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,inadimplencia-das-familias-nao-muda-com-fgts-inativo,70001869861