País desabou do 45º para o 65º posto, entre 160 países, na infraestrutura de
transporte
20 de março de 2014 | Alexa Salomão e Altamiro Silva Júnior
NOVA YORK - O Brasil caiu 20 posições no ranking mundial de logística do Banco Mundial (Bird), que mede a eficiência dos sistemas de transporte em 160 países. O relatório, divulgado nesta quinta-feira, leva em conta a percepção dos empresários em relação à eficiência da infraestrutura de transporte. O Brasil passou a ocupar o 65.º lugar no ranking. Trata-se da pior colocação desde que o ranking foi lançado, em 2007.
Paulo
Fleury, diretor-geral do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos), define o
resultado como "desastroso" para o País. "A hora da verdade
chegou: o Brasil investiu bilhões em obras de infraestrutura de transporte que,
por problemas de gestão, não foram terminadas, e está aí o resultado."
Na avaliação
de Fleury, o fato de o estudo não medir os avanços ou retrocessos físicos, mas
a percepção dos empresários, é sintomático. Pouca coisa mudou na infraestrutura
do País nos últimos anos, mas a posição do Brasil no ranking foi se alterando.
Em 2007, quando a pesquisa foi lançada, o Brasil ocupava o 61.º lugar. Em 2010,
ficou na sua melhor colocação: 41.º posto. Em 2012, caiu para a 45.ª posição.
De lá para cá, despencou para a sua pior colocação.
Fleury
atribui as oscilações às mudanças nos cronogramas das obras. "Quando a
primeira pesquisa foi realizada, o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)
havia acabado de ser lançado e a expectativa de melhora empurrou o indicador
para cima por um tempo", diz Fleury. "Como as obras não saem do
papel, mas a demanda por transporte aumenta, estrangulando o sistema, a
frustração só fez aumentar e nem as concessões no ano passado conseguiram
melhorar os ânimos."
Levantamento
do Ilos mostra que o atraso médio nas obras do PAC é de 48 meses. Há também
enorme descompasso entre o custo orçado e o custo que se viu na prática. O
aumento médio foi de 85%.
Muitas
deficiências. O Banco Mundial também divulgou a
classificação dos países em seis itens específicos na área de logística e
transporte, usados em conjunto para determinar a classificação geral. O
segmento que o Brasil está mais bem colocado é na "qualidade e competência
logística" (50.ª posição) e o pior no "serviço de aduanas e
alfândegas" (94.ª). Na categoria "rastreamento e monitoração"
está na 62.ª e, nas "entregas internacionais", na 81.ª.
Outros
países da América Latina estão em posições bem melhores que a do Brasil, como
Chile (42.º lugar, o melhor classificado da região), México (50.º) e Argentina
(60.º).
Desigualdades. As três primeiras posições do ranking são ocupadas por países
desenvolvidos - Alemanha, Holanda e Bélgica. Entre os últimos estão Somália,
Afeganistão e República Democrática do Congo. O Banco Mundial reconhece que
reformas no setor são complexas e a melhora do transporte exige pesados
investimentos, o que dificulta o avanço em países em desenvolvimento. Por essa
razão, os países de alta renda são maioria entre os que ocupam as dez primeiras
posições do ranking, destacou a instituição no material enviado à imprensa.
A principal
conclusão do estudo é que a diferença na logística entre países com melhor
sistema de transporte e aqueles com pior rede ainda é muito grande, apesar da
ligeira melhora desde o início da pesquisa em 2007.
O Banco
Mundial avalia vários fatores para montar o ranking geral - qualidade da
infraestrutura de transporte, de serviços e a eficiência do processo de
liberação nas alfândegas, rastreamento de cargas, cumprimento dos prazos das
entregas e facilidade de encontrar fretes com preços competitivos. A
instituição ouviu cerca de mil profissionais de logística pelo mundo. Com base
nas entrevistas e na metodologia, o Banco Mundial desenvolveu o Índice de
Desempenho Logístico (LPI, na sigla em inglês), que é usado para organizar o
ranking.
http://economia.estadao.com.br/noticias/economia-geral,brasil-cai-20-posicoes-em-ranking-de-logistica,180088,0.htm
Nenhum comentário:
Postar um comentário