sexta-feira, 18 de março de 2016

Inadimplência e falência em patamar recorde marcam ano de empresas na crise.
Companhias mostram mais dificuldades em conter custos em meio à recessão.


Empresas sofrem mais para ajustar as contas em meio à recessão (Shutterstock)

SÃO PAULO – Com mais dificuldades para colocar as contas em ordem em tempos de crise, as empresas bateram recorde de pedidos de recuperação judicial e falência no ano passado e o pior ainda não passou. Com o aprofundamento da recessão, esses números vão se deteriorar ainda mais. 
No ano passado, os pedidos de recuperação judicial atingiram recorde histórico e patamar 51% superior ao observado em 2014. As falências requeridas saltaram 16,4%, segundo a Boa Vista Serviços. 
“2015 foi um ano que não acabou ainda, ele deve continuar em 2016”, afirma Flávio Calife, economista da Boa Vista Serviços. Ele explica que uma sequência de dados negativos impactou a capacidade de geração de receita pelas empresas no ano passado, especialmente com o menor apetite pelo consumo. 

“Ao mesmo tempo os custos não diminuíram - com o aumento da inflação e de juros. Os custos com o trabalhador também não diminuem. Quando se tem diminuição de receita e os custos não caem, o fluxo de caixa piora bastante”, afirma Calife. 
Com o fluxo apontando para o negativo, as empresas saem em busca de novas fontes de recursos. No entanto, a capacidade de pagamento também está menor, dificultando o acesso a um crédito que, quando obtido, sai muito caro. 
“A avaliação é que as empresas sofrem mais do que o consumidor, que colocou o pé no freio e parou de consumir, parou de comprar. As empresas não têm esse artifício, não podem parar de funcionar”, diz Calife, que vê continuidade do aumento da inadimplência e da falência.
“Ano passado tivemos recorde histórico de pedidos de recuperação e neste ano devemos superar o recorde anterior”, acrescenta Luiz Rabi, economista da Serasa Experian, sem arriscar uma projeção. 
Os primeiros números de 2016 confirmam a tendência. Os pedidos de falência aumentaram 16% nos últimos 12 meses até o mês passado e avançaram 4,8% em janeiro em relação a mesmo mês de 2015. As solicitações de recuperação judicial cresceram 56,6% em 12 meses e saltaram 112,1% em janeiro ante mesmo período do ano passado.

 
Inadimplência e juros em alta 
Neste ambiente, a inadimplência das empresas continuará a crescer mesmo em um momento em que os bancos estão limitando o acesso ao crédito. 
“A média da inadimplência das empresas saiu de 3,4% para 4,5% e vai aumentar porque vamos ter nova recessão da economia em 2016”, afirma Rabi. 
De acordo com Calife, a inadimplência de pessoas jurídicas, considerando recursos livres, deve terminar o ano em 5%. Se confirmado, será o maior patamar da série histórica, iniciada em março de 2011.

Juros em ascensão
A taxa média de juros cobrados de pessoas jurídicas atingiu o maior patamar desde 2009 no fim do ano passado e continua avançando.


“As perspectivas são de piora. Todos os fatores que levaram a essa alta de juros estarão presentes e agravados ao longo de 2016, com a piora do cenário econômico e queda da renda das famílias”, destaca Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade). 
Oliveira prevê elevação do spread, redução nos prazos de financiamento e, como consequência, do aumento da inadimplência das empresas. “Será um ano de muitas dificuldades”, afirma.

http://www.financista.com.br/noticias/inadimplencia-e-falencia-em-patamar-recorde-marcam-ano-de-empresas-na-crise

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