quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Recessão econômica acentua o resgate de fundos de investimentos.

Rentabilidade nominal atrativa foi insuficiente para motivar os cotistas a permanecerem em suas aplicações financeiras no ano passado, eles resgataram da renda fixa, de multimercados e ações.


São Paulo - A recessão brasileira levou os investidores a retirarem suas reservas de aplicações financeiras, e o cenário para 2016 aponta mais um ano difícil. Os fundos tiveram mais de R$ 70 bilhões em resgates nas categorias de renda fixa, multimercados e ações em 2015.
A avaliação é que a boa rentabilidade bruta nominal em carteiras multimercados ou de renda fixa foi insuficiente para cativar o investidor a permanecer aplicado por mais tempo, e no caso dos fundos de ações, uma parte dos cotistas até preferiu resgatar os recursos com prejuízo, face o Ibovespa ter recuado 13,31% em 2015. "Com a crise econômica e o agravamento da recessão, o investidor resgata por uma necessidade de caixa", diz o administrador de investimentos, Fabio Colombo.

Na mesma linha, a gestora de renda fixa da Mongeral Aegon Investimentos, Patrícia Pereira, aponta que 2016 ainda pode ser um ano ainda mais desafiador para a captação dos fundos. "A deterioração das expectativas aconteceu de forma muito rápida, infelizmente 2016 ainda será um ano muito difícil", disse.

De acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), os fundos de investimentos em renda fixa tiveram resgate líquido de R$ 20,701 bilhões em doze meses, enquanto os multimercados exibiram saques de R$ 32,375 bilhões, e as carteiras de ações apresentaram saída de R$ 18,580 bilhões em 12 meses até 30 de dezembro de 2015.

Em contrapartida aos resgates nas carteiras tradicionais, o setor apresentou captação líquida em fundos cambiais (R$ 1,421 bilhão), previdência (R$ 39 bilhões), fundos estruturados em direitos creditórios (FIDCs) em cerca de R$ 2,57 bilhões e de investimentos em participações (FIPs) com R$ 22 bilhões.
"O investidor ainda migra muito de uma aplicação para outra, às vezes de forma equivocada. O principal problema é que quando se considera a inflação, o desconto das taxas [de administração] e a tributação, sobra pouco de ganho real para o cotista", diz Colombo.

Nos cálculos dele, com o índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em cerca de 10,7% nos últimos doze meses, e fundos DI rendendo em média 13,17%, o ganho real para o aplicador ficou em torno de 3%. "É um rendimento líquido muito baixo", argumentou.
Ele considera que os fundos com títulos públicos indexados a inflação (Ima-B) podem ter ganhos reais no longo prazo. "Apesar da marcação a mercado, as NTN-Bs prometem entre 7% e 7,5% ao ano".

Expectativas para 2016
Patrícia Pereira prevê que um possível aumento da taxa básica de juros (Selic) possa atrair a atenção dos investidores em 2016. "São esperadas novas altas da Selic com o objetivo de controlar a inflação", disse. A Selic está em 14,25% ao ano.

Mas por outro ângulo, ela também considera mais riscos para os ganhos reais. "O dólar pode voltar a subir por causa da alta dos juros nos Estados Unidos, e essa alta da moeda americana é inflacionária no Brasil. Há uma preocupação com a queda de safra e o preços dos alimentos in natura. O ajuste dos preços administrados não se completou e há também a própria inércia da indexação: nos aluguéis, nos serviços, nas mensalidades escolares e no salário mínimo."

Ernani Fagundes
http://www.dci.com.br/financas/recessao-economica-acentua-o-resgate-de-fundos-de-investimentos---id519981.html

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