Bancos brasileiros devem apresentar aumento no lucro líquido e nos calotes.
Mesmo com crise econômica do País e as dificuldades de crédito, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander devem renovar resultados recordes nos balanços consolidados de 2015.
São Paulo - O lucro líquido dos maiores bancos brasileiros, que
iniciam a temporada de balanços nesta semana, deve aumentar em 2015, na
comparação com 2014, porém o crescimento deve vir acompanhado de
avanços da inadimplência, apontam especialistas.
Mesmo diante da
crise econômica vivida pelo País e das dificuldades com crédito, Banco
do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander renovaram resultados
recordes ao longo do ano passado, puxados pelas receitas com tesouraria e
serviços.
A maior alta no lucro veio do BB, que viu o resultado
líquido aumentar 43,5% até o terceiro trimestre, em relação a igual
etapa de 2014, impulsionado pela parceria com a credenciadora Cielo,
firmada no primeiro trimestre. No mesmo período, Itaú viu o lucro
crescer 20%, Bradesco, 18,6%, e Santander, 15,9%.
Segundo Sérgio
Bessa, professor de MBAs da Fundação Getulio Vargas (FGV), os bancos
estão capitalizados (com recursos em caixa), mas não estão emprestando
por falta de demanda e por estarem mais cautelosos - devido ao cenário
econômico, que indica aumento dos calotes. "A falta de tomador e a
maior restritividade fazem com que as instituições apliquem seu
dinheiro em títulos públicos e em operações interbancárias", afirmou.
No
quarto trimestre, o lucro dos grandes bancos deve continuar a crescer,
embora mais marginalmente, refletindo o maior conservadorismo das
instituições, avalia o professor da FGV. Além do avanço nos ganhos
com tesouraria, os gigantes do mercado financeiro também ampliaram as
receitas com serviços e tarifas. "Os bancos majoraram as tarifas neste
ano, inclusive de pessoas jurídicas. Também passaram a cobrar taxas em
serviços que antes eram prestados gratuitamente", apontou Nelson de
Souza, economista do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais
(Ibmec).
Apesar de as instituições financeiras terem desviado o
foco do crédito, por conta do momento econômico, os especialistas
estimam que as carteiras de empréstimos dos bancos devem continuar a
crescer, mesmo que em menor proporção. "É possível que se tenha um
crescimento nominal nas linhas mais seguras [como crédito consignado e
financiamento imobiliário]", comentou Bessa.
Inadimplência
Embora
estejam mantendo a lucratividade, as instituições financeiras estão
sentido um avanço da inadimplência, puxada pelo desemprego e a inflação,
no caso das famílias, e pela queda da atividade econômica
(especialmente nos setores de construção e óleo e gás) e as
investigações da Lava Jato, no caso das empresas.
De acordo com
Souza, é provável que os bancos ainda aumentem as provisões para perdas
(PDD) no quarto trimestre, aumentando os já elevados gastos com PDD em
2015. "As instituições estão preferindo dar fôlego para as construtoras e
as empresas em dificuldade, para tentar receber alguma coisa no futuro,
do que baixar o crédito para prejuízo", analisou o economista.
O
boletim de crédito do Banco Central, que consolida as informações de
todos os bancos e financeiras do País, aponta que a inadimplência do
mercado passou de 4,5% em novembro de 2014 para 5,2% em novembro de
2015. Considerando a base de empréstimos de R$ 1,61 trilhão do
mês, o percentual mostra que pelo menos R$ 83,9 bilhões de empréstimos
estão com parcelas atrasadas.
Para Bessa, da FGV, o avanço do
crédito e, consequentemente, da inadimplência, vai depender das
sinalizações do governo. "Mesmo o tomador não estão confiante e pegar
empréstimos", avaliou.
Souza, do Ibmec, afirmou que os calotes
devem ficar próximo ao patamar em que se encontra, nos próximos meses,
sendo passível de um "ligeiro aumento" no balanço de 2015.
Pedro Garcia
http://www.dci.com.br/financas/---bancos-brasileiros-devem-apresentar-aumento-no-lucro-liquido-e-nos-calotes-id523711.html
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