segunda-feira, 19 de maio de 2014

Cade aprova negócio entre Alison Bidco e Alstom

A operação foi aprovada sem restrições

Luci Ribeiro, do Estadão Conteúdo
Alstom
Para a Alstom, a operação é parte de um projeto de alienação de ativos não essenciais
Brasília - O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, sem restrições, operação entre Alison Bidco e Alstom. A operação consiste na aquisição, pela Triton Managers IV Limited e pela TFF IV Limited, por meio da subsidiária Alison Bidco, do controle exclusivo do chamado 'Negócio Oak', hoje detido pela Alstom Holding.

O Negócio Oak atua no fornecimento de equipamentos auxiliares de energia termoelétrica, como preaquecedores de ar e moinhos de minerais.
A aprovação do ato de concentração entre as empresas está em despacho da Superintendência-Geral do Cade publicado nesta segunda-feira, 19, no Diário Oficial da União (DOU).
Segundo documento do órgão antitruste sobre a operação, para a Triton, a aquisição do Oak é uma oportunidade de investimento atrativa que coincide com sua estratégia de investir em negócios de médio porte com bom potencial de desenvolvimento.
Para a Alstom, a operação é parte de um projeto de alienação de ativos não essenciais, anunciado pelo Grupo em 2013.

http://exame.abril.com.br/negocios/noticias/cade-aprova-negocio-entre-alison-bidco-e-alstom

sexta-feira, 16 de maio de 2014

PDG Realty vê espaço para diminuir despesas no ano.

Companhia mostrou recuo na linha de despesas gerais e administrativas entre janeiro e março

Reuters - EDUARDO MONTEIRO
PDG Realty
PDG Realty: desafio de rolagem da dívida passa a ser marginal

São Paulo - A PDG Realty enxerga espaço para redução adicional das despesas gerais e administrativas nos próximos trimestres após mostrar recuo nessa linha entre janeiro e março, afirmou o diretor presidente da construtora e incorporadora, Carlos Piani.
Em teleconferência com analistas nesta quinta-feira, o vice-presidente financeiro da empresa, Marco Kheirallah, afirmou que o desafio de rolagem da dívida passa a ser marginal diante das renegociações que a companhia vem fazendo.
"As linhas que temos abertos são excedentes e superam os vencimentos. Podemos começar a parar de falar do risco de rolagem", disse.

http://exame.abril.com.br/negocios/noticias/pdg-realty-ve-espaco-para-diminuir-despesas-no-ano--2

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Eneva fará aumento privado de capital de até R$1,5 bi.

Na primeira fase será feito um aumento de até R$316,5 milhões, e na segunda um aumento de capital em dinheiro e em bens de até R$1,5 bilhão.

REUTERS

Eneva: companhia irá alienar entre 50% e 100% das ações de emissão da Pecém II
São Paulo - A empresa de energia Eneva, ex-MPX, irá promover um aumento privado de capital de até 1,5 bilhão de reais, parte de um acordo para fortalecimento da sua estrutura de capital que também envolve a renegociação de dívidas e a venda da térmica Pecém II.
O acordo foi celebrado entre a companhia e a DD Brazil Holdings S.a.r.l., E.ON SE, e os bancos Itaú Unibanco, BTG Pactual, Citibank e HSBC Bank Brasil, conforme fato relevante divulgado nesta segunda-feira.
No documento, a companhia informou que a injeção de recursos será feita em duas fases. Na primeira, será feito um aumento privado de capital de até 316,5 milhões de reais, a um valor de 1,27 real por ação - preço de fechamento do papel na sexta-feira, quando a proposta foi aprovada pelo Conselho de Administração.
A E.ON se comprometeu a subscrever novas ações da Eneva no valor de 120 milhões de reais nessa etapa, numa investida sujeita a determinadas condições suspensivas.
Na segunda fase da operação, será feito um aumento privado de capital em dinheiro e bens de até 1,5 bilhão de reais, descontado o montante emitido na primeira etapa.
A transação da segunda fase será submetida à aprovação da Assembleia Geral da Eneva. A E.ON se comprometeu a subscrever até 450 milhões de reais em novas ações de emissão da companhia nessa etapa, sendo que o compromisso "poderá ser realizado mediante a contribuição de parte, ou a totalidade, das ações diretas ou indiretas detidas pela E.ON e de emissão da Pecém II Geração de Energia, decorrente da potencial venda de ações do capital social da Pecém II à E.ON".
Antes da segunda fase do aumento de capital, a Eneva irá vender entre 50 e 100 por cento das ações de emissão da termelétrica Pecém II, localizada no município de São Gonçalo do Amarante, no Ceará, segundo informado pela empresa nesta segunda.
A Eneva acrescentou ainda que o compromisso de subscrição por parte da E.ON está sujeito à condição de que a participação da empresa alemã no capital social da Eneva não passe de 49,9 por cento.
Ainda de acordo com o comunicado, a E.ON concordou em dar uma garantia, sujeita a determinadas condições suspensivas, pela qual incorporará indiretamente até 50 por cento da totalidade das ações de emissão da Pecém II, assim como um empréstimo concedido pela Eneva à termelétrica, por meio de uma sociedade de propósito específico a qual terá E.ON e Eneva como acionistas.
"A Venda de Pecém II será feita a condições e por um preço justo de mercado a ser determinado ao fim do processo competitivo e confirmado por um laudo de avaliação preparado pela Deloitte Touche Tohmatsu, sendo que o compromisso da E.ON com relação a Pecém II não deve exceder o valor de 400 milhões de reais", disse a Eneva.
Além do aumento de capital, a companhia também fechou um empréstimo ponte com as instituições financeiras no valor de 100 milhões de reais, uma reestruturação de seu endividamento e de suas subsidiárias no valor de 600 milhões de reais, e a prorrogação de cinco anos no prazo de vencimento dos empréstimos ainda existentes, com início do prazo para amortização a partir de junho de 2017.
"O aumento de capital, o reperfilamento das dívidas e a venda de Pecém II objetivam aumentar a disponibilidade de caixa do grupo Eneva e fortalecer sua estrutura de capital e seu balanço", disse a companhia.
Às 11h, a empresa fará uma teleconferência com o mercado sobre o anúncio.
Atualizado às 9h48

http://exame.abril.com.br/mercados/noticias/eneva-fara-aumento-privado-de-capital-de-ate-r-1-5-bi

terça-feira, 13 de maio de 2014

10 novidades do mercado que você precisa saber agora.

PIB da China ultrapassará EUA neste ano.

Karla Mamona de EXAME.com


São Paulo - Veja o que você precisa saber.  

1- Prejuízo da Marfrig no 1º trimestre superou o esperado. O prejuízo líquido de R$ 96,4 milhões apresentado pela empresa de alimentos Marfrig Global Foods no primeiro trimestre veio 138,9% pior que o esperado pelo mercado.
2- Siderúrgicas apresentam bons resultados no 1º trimestre. As siderúrgicas brasileiras apresentaram no primeiro trimestre do ano um resultado forte, mas a percepção de que os próximos períodos serão "desafiadores" ganhou a cena. Ao estimarem um ambiente mais adverso no segundo trimestre, diante de um baixo crescimento da economia e dos feriados adicionais do ano, os executivos das empresas focam em contínua melhora operacional.
3- CVM cobra explicações de integrantes do governo. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) cobrou, nos últimos dois anos, esclarecimentos de pelo menos 24 integrantes do governo.
4- BNDES perde disputa milionária na CAM. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) perdeu, no fim de abril, uma disputa milionária na Câmara de Arbitragem do Mercado (CAM), vinculada à BM&FBovespa, na qual tentava se desfazer das ações do frigorífico Independência, da família do senador licenciado Antonio Russo (PR-MS), adquiridas em novembro de 2008.
5- Siemens inicia programa de recompra de ações de até € 4 bi. A alemã Siemens disse nesta segunda-feira que está iniciando um programa de recompra de ações de até 4 bilhões de euros (5,5 bilhões de dólares).
6- Pfizer pressiona por compra da AstraZeneca. A norte-americana farmacêutica Pfizer chamou a atenção para a circunstância científica do seu controverso plano de adquirir a AstraZeneca nesta segunda-feira, com o seu presidente-executivo se preparando para ser questionado por parlamentares britânicos.
7- Distribuidoras de energia querem mais R$ 7,9 bilhões. A Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) vai pedir ao governo mais R$ 7,9 bilhões para que as empresas do setor consigam honrar seus compromissos entre maio e dezembro de 2014. Isso porque o empréstimo bancário de R$ 11,2 bilhões anunciado em março pelo governo não durou até o fim do mês passado.
8- PIB da China ultrapassará EUA neste ano, diz Moody's. A China deve alcançar o posto de maior economia do mundo até o fim deste ano, projetou a Moody's, com base nas estimativas do Programa Internacional de Comparação do Banco Mundial, divulgadas no final de abril e com números referentes a 2011.
9- Moody's rebaixa rating da General Shopping Brasil. A agência de classificação de risco Moody's rebaixou o rating corporativo da General Shopping Brasil, diante da desaceleração das vendas no setor de varejo e dos indicadores de crédito pressionados da empresa. Na escala nacional, a nota caiu de A3 para Baa. Já no rating global, o rating corporativo foi alterado de Ba3 para B1. A perspectiva é estável.
10- S&P mantém rating da Petrobras Argentina em CCC+. A agência de classificação de risco Standard & Poor's manteve em CCC+ o rating em moeda estrangeira da Petrobras Argentina.

http://exame.abril.com.br/mercados/noticias/10-novidades-do-mercado-que-voce-precisa-saber-agora--5

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Novas regras de portabilidade de crédito começam a valer a partir desta segunda. 
Mudanças diminuem a burocracia e devem estimular que mais consumidores migrem suas dívidas de banco em busca de juros menores.

05 de maio de 2014 | Hugo Passarelli e Letícia Autran - Especial para O Estado de S.Paulo
SÃO PAULO - Levar uma dívida de um banco a outro para conseguir juros mais baixos vai ficar mais fácil. A partir de hoje, a chamada portabilidade de crédito ganha novas regras e fica menos burocrática. Com isso, a expectativa é de que mais consumidores tentem diminuir o custo de suas dívidas. Já os bancos devem acirrar a disputa para manter seus clientes.
A portabilidade vale para todas as operações de crédito imobiliário, financiamento de veículos, Crédito Direto ao Consumidor (CDC), crédito pessoal e as linhas de crédito consignado (INSS, público e privado).
Para migrar uma dívida, o consumidor pode procurar diretamente o banco escolhido. Essa instituição vai pedir ao banco original as informações do atual crédito - o prazo para fornecimento dos dados é de um dia útil.
Após isso, o banco original da dívida terá cinco dias úteis para apresentar uma contraproposta. Se nada for feito nesse período, a dívida migra automaticamente para a nova instituição. O segundo banco, então, liquida antecipadamente a dívida junto à instituição financeira original e a toma para si, oferecendo uma taxa de juros menor.
Toda a operação será feita por meio de um sistema eletrônico, o que traz agilidade e deve estimular mais consumidores a trocar de dívida.
Como funciona a portabilidade:
1.Para fazer a transferência, o consumidor deve pedir informações do crédito ao banco em que o financiamento foi feito. Antes, deve fazer pesquisas para saber se de fato a mudança vale a pena.

2.A informação deve ser levada ao banco escolhido e o banco original tem 5 dias úteis para apresentar contraproposta. Após o prazo, a transferência é automática.
3. É preciso ficar atento às propostas de portabilidade de instituições financeiras. Há relatos de dívidas que aumentam em razão de empréstimos não solicitados.
Outra mudança do novo regulamento é que só taxas de juros e de administração do banco podem ser alteradas, baixando o valor da mensalidade paga pelo consumidor. O prazo e o valor do financiamento não podem elevados.
A nova regulamentação também proíbe as instituições de repassar ao consumidor os custos diretos da operação. Além disso, os bancos agora são obrigados a apresentar informações claras em suas agências sobre a portabilidade e ter funcionários capacitados para tirar as dúvidas dos consumidores.
A associação de consumidores Proteste tem uma avaliação positiva sobre as mudanças. "Todas as portabilidades são importantes, pois ampliam as opções do consumidor, promovem a concorrência e contribuem para que ele tenha acesso a melhores serviços. Entretanto, a Proteste defende atenção especial às instituições financeiras que ainda não executam plenamente a portabilidade", diz a associação em uma cartilha com o passo a passo da portabilidade, que está disponível no site (www.proteste.org.br/cartilhas). O documento foi escrito em conjunto com o Canal do Crédito, site especializado na comparação de produtos financeiros, e traz informações sobre a troca de dívida, com enfoque nos financiamentos imobiliários.
O principal cuidado que o consumidor deve tomar, alerta a supervisora da área de assuntos financeiros do Procon-SP, Renata Reis, é não fazer a portabilidade por impulso. Se não sabe o custo efetivo total (CET) de seu financiamento, o consumidor deve solicitá-lo à instituição financeira e fazer uma pesquisa no mercado para ver se a portabilidade vale a pena.
O Conselho Monetário Nacional (CMN) também definiu novas regras para o cálculo do saldo devedor. Para as operações contratadas a partir de hoje, o cálculo deve ser feito exclusivamente com base na taxa de juros firmada no momento da contratação do crédito. Anteriormente, o cálculo considerava as taxas Selic da data de contratação e de liquidação da operação.
 
Crédito imobiliário. Para o caso de financiamento concedido com recursos do FGTS, o banco que fica com o crédito imobiliário assume também a dívida perante o Fundo. As regras e critérios para essa operação foram definidos no último dia 22 pela Caixa Econômica Federal, o agente operador do FGTS. O banco informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que está analisando a resolução do CMN para aplicá-la integralmente.
Imóveis financiados pelo programa Minha Casa, Minha Vida, que utilizam o FGTS, também podem ter sua dívida transferida de banco desde que já tenham sido construídos. Na prática, contudo, as taxas desses financiamentos já são menores que a média do mercado e diminuir o custo da operação pode ser mais difícil. Os contratos de financiamento em fase de construção continuam de fora das operações de portabilidade.
A troca da dívida com imóvel pode, no entanto, não valer a pena para o consumidor. Se as taxas de juros não forem muito inferiores, taxas extras podem encarecer a operação, alerta Weberth Costa, advogado da associação de consumidores Proteste. "O consumidor ainda terá outros custos, como registro em cartório dessa nova operação", explica. Outras taxas, como o custo de vistoria do imóvel pelo banco que está tomando a dívida, também não foram regulamentadas.
O financiamento habitacional requer atenção especial a todos os detalhes e taxas. Em geral, é uma dívida de longo prazo e, uma vez feito um mau negócio, será carregada por muitos anos. 

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso%2cnovas-regras-de-portabilidade-de-credito-comecam-a-valer-a-partir-desta-segunda%2c1162374%2c0.htm

quarta-feira, 7 de maio de 2014

É possível aprender a empreender?

Diretora de Educação Empreendedora da Endeavor afirma que um bom empreendedor investe em si mesmo como alavanca para o crescimento de seu negócio

Editado por Camila Lam, de EXAME.com

Empreendedor: talento nato ou desenvolvido? Escrito por Renata Chilvarquer, especialista em empreendedorismo
Pode parecer clichê, mas ouço muito essa pergunta quando participo de eventos ou palestras: é possível aprender a empreender? A verdade é que tomar a decisão de construir seu próprio negócio é visto pelas pessoas em geral como algo muito positivo e até cool.
E, nessa onda crescente de assumir riscos, poucos empreendedores se perguntam sobre o que é necessário saber antes de começar. Na maioria das vezes, o empreendedor acha que tudo o que ele precisa para ter sucesso é de uma boa ideia e uma boa dose de sorte. Esse mito é ainda mais alardeado quando se ouvem histórias de grandes empreendedores internacionais que largaram a faculdade e se deram bem, como Steve Jobs e Bill Gates.
Lançamos uma pesquisa* no ano passado que reforça a percepção de que há muita vontade, mas pouco esforço. No estudo, três em cada quatro brasileiros dizem ter vontade de empreender. Essa é a segunda maior taxa do mundo, atrás apenas da Turquia.
Por outro lado, outra pesquisa internacional, o Global Entrepreneurship Monitor, de 2010, mostrou que apenas 9% da população adulta brasileira se capacita para iniciar um negócio, uma das piores taxas do mundo. Para termos uma base de comparação, no Chile essa proporção é de 43%, e na Argentina, de 20%.
Além disso, existem dados* que comprovam a relação direta entre preparo e o crescimento dos negócios. Apenas 4% das quatro milhões de CNPJ’s no país são de empreendedores brasileiros que têm funcionários, sendo que a maioria desses negócios são de empreendedores com maior nível de escolaridade.
Esse gap de conhecimento fica ainda mais evidente quando entendemos quais são os maiores desafios do cotidiano dos empreendedores. Entre os quatro maiores problemas apontados por eles na pesquisa, três estão ligados à falta de conhecimento em: gestão de pessoas, fluxo de caixa e como administrar um negócio.
Apesar de empreendedores serem mais intuitivos e aprenderem muito com a prática, não há dúvidas do impacto da educação na viabilidade e crescimento dos negócios. Um exemplo disso é o Alencar, fundador da Gera, empresa que fornece soluções de TI para negócios de vendas diretas. Ele é um dos empreendedores apoiados pela Endeavor que buscou ajuda para criar um negócio de alto impacto.
Quando ele observou a oportunidade de negócio que gerou a empresa, Alencar buscou capacitação em um curso de pós graduação em negócios. Além de planejar com cuidado a abertura da sua empresa, ele acabou conhecendo o Fabio, que se tornou seu sócio logo em seguida. A maturidade e o conhecimento que Alencar adquiriu durante o curso foram essenciais para que o negócio desse certo.
Costumamos usar uma máxima que diz: “o negócio é tão bom quanto o empreendedor que está por trás”. Em suma, uma empresa é resultado do trabalho de pessoas. No início, a grande pessoa por detrás de tudo é seu fundador, o empreendedor. Dessa forma, o empreendedor que sonha grande e quer criar um negócio muito bom, precisa se esforçar ser muito antes de tudo. É o primeiro investimento. Um bom empreendedor investe em si mesmo como alavanca para o crescimento de seu negócio.
*Pesquisa “Empreendedores Brasileiros: Perfis e Percepções”, Endeavor, 2013. 
Renata Chilvarquer é diretora de Educação Empreendedora na Endeavor Brasil.

http://exame.abril.com.br/pme/noticias/e-possivel-aprender-a-empreender

terça-feira, 6 de maio de 2014

Alta de juros traz entrada recorde de estrangeiros em renda fixa no Brasil

ÉRICA FRAGA DE SÃO PAULO | 02/05/2014


A alta de juros no Brasil nos últimos meses levou o país a voltar a atrair forte ingresso de capital estrangeiro. No primeiro trimestre deste ano, o volume de recursos de fora investidos em renda fixa somou US$ 11,6 bilhões.

O número representa um recorde para esse período. É também o segundo maior montante já registrado para um trimestre, perdendo apenas para o período entre julho e setembro de 2013.

Essa entrada de dinheiro foi fundamental para ajudar a cobrir o maior rombo nas transações correntes do país com o exterior que somou US$ 25,2 bilhões no primeiro trimestre. A conta inclui o saldo negativo de exportações menos importações.

No entanto, analistas ressaltam que, como esse fluxo de capitais não tem sido atraído por uma melhor percepção das perspectivas da economia, pode ser volátil.

Os investimentos estrangeiros em ações, que costumam refletir apostas no vigor econômico de um país, somaram apenas US$ 319 milhões no primeiro trimestre deste ano, contra US$ 7,1 bilhões no mesmo período de 2013.


RISCOS
Os recursos que têm sido aplicados em renda fixa ajudam a tapar o buraco das contas externas, mas contribuem para que o governo ganhe tempo e, com isso, adie a adoção de medidas para corrigir o desequilíbrio das contas externas, como uma redução dos gastos públicos.

Além disso, podem sair do país a qualquer momento, forçando um ajuste econômico custoso.

"Essa entrada mais forte tem muito pouco a ver com melhora de fundamentos do Brasil. A economia do país continua muito fraca", afirma Marco Freire, diretor de investimentos em renda fixa da da Franklin Templeton, uma das maiores gestoras de recursos global.

Segundo Freire, o crescimento no fluxo de capitais estrangeiros para investimentos em renda fixa no Brasil é explicado principalmente pelo ambiente internacional.

Depois de sinais de recuperação mais contundente, a economia americana voltou a fraquejar no primeiro trimestre deste ano.

Com isso, a expectativa de que os juros no país subam continua em suspenso.

Na Europa, apesar de sinais mais auspiciosos de retomada econômica, a inflação permanece muito baixa. Isso também pode contribuir para um cenário mais prolongado de juros baixos.

E, no Japão, existe o risco de que o Banco Central opte por aumentar ainda mais seu enorme programa de injeção de recursos na economia.

"Nesse cenário global de muita liquidez, os investidores ficam desesperados por retornos maiores. E o Brasil oferece retornos enormes", afirma Freire.

O economista André Perfeito ressalta que, entre as economias com moedas mais importantes e negociadas, a brasileira é a que, de longe, oferece maior retorno.

O investidor estrangeiro que aplicou em juros no Brasil teve um ganho de 9,35% nos últimos 12 meses.

A taxa é quase três vezes maior que os 3,28% de ganho para quem investiu na moeda sul-africana (o rand).

"Esse é o apelo muito forte em relação ao Brasil", diz Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.

FATIA DE FUNDOS
O Brasil recuperou parte do terreno que vinha perdendo em relação a outros países emergentes nas carteiras de fundos estrangeiros globais que investem em renda fixa.

A fatia atraída dessas aplicações pelo país atingiu seu nível mais baixo em 2013, segundo dados da consultoria EPFR. Mas, nos últimos dois meses, ocorre uma reversão.

Em março, o país recebeu 10,7% do total de dinheiro investido por esses fundos. Foi o maior percentual atraído pelo Brasil desde abril de 2012.

Além dos juros mais altos pagos pelo país, analistas ressaltam que o Brasil tem vantagens como baixo risco geopolítico.

Os investimentos destinados à Rússia, por exemplo, encolheram devido aos problemas na Ucrânia.

Depois de receber mais recursos que o Brasil durante quase todo o ano passado, a parcela de investimentos em renda fixa atraída pela Rússia caiu para 9,1% no fim de março. O Brasil também ficou à frente do México (9,4%).

Especialistas alertam, no entanto, para o risco de que o dinheiro investido em renda fixa volte a sair do país assim que sinais mais contundentes de recuperação da economia americana reapareçam.

Se indicações mais fortes de recuperação ressurgirem, é possível que haja um movimento de realocação de recursos de emergentes para o mercado americano.

Outro risco é que o desempenho da economia brasileira continue ruim, afastando investidores.

Uma saída brusca de recursos levaria a uma desvalorização cambial, com efeito negativo sobre a inflação, que já está em nível elevado.

Uma vantagem do Brasil é que parte do deficit em conta corrente continua sendo financiada por investimentos estrangeiros diretos (IED), que são considerados mais estáveis e somaram US$ 14,2 bilhões no primeiro trimestre.

Mas parte desse fluxo (cerca de 30% do total) tem sido representado por empréstimos de matrizes no exterior às filiais no Brasil.

Isso significa que são recursos que não têm como destino investimentos produtivos no país. Podem estar sendo direcionados, por exemplo, a aplicações financeiras.


http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/05/1448415-alta-de-juros-traz-entrada-recorde-de-estrangeiros-em-renda-fixa-no-brasil.shtml